sexta-feira, julho 31, 2015

A APNEIA ELEITORAL DA DES-ORDEM

 

“Estamos hoje a lutar mais por Abril e pela liberdade do que em tantos anos se fez com muitos outros governos, e isso devemos à vontade dos portugueses.”

Passos coelho

8274319_8C69KQuarenta anos após as abruptas exéquias salazaristas, o torrão pátrio goza hoje (diz quem sabe) da celestial harmonia de uma utilidade prometida a todos mas, embora pecado desprezível (digo eu), em que apenas alguns (poucos) colhem benefícios. Esta laudatória acomodação prega (assim, legitimamente) à credulidade das gentes simples afiançando (com denodo e a sorrir) que o torrão está – finalmente – em cinzelado e aprimorado regresso à ordem original. Daí, com razão se justifica, a algazarra feita num tom de voz aguerrido, abrasado e atuante. Implora-se aos ventos (e em refrão) os princípios da permanência e da persistência discretamente ajoelhado na maculada (embora com parco suor mas muito sangue) almofada da probidade com que, perseverantemente, se partejou o conserto que importa não se venha em outubro a encrencar. Assim se pousa o problema e, com tal assento, arruma-se o modo de pautar as balizas do juízo humano (das ditas gentes) e de (piedosamente) encaminhar as mãos desajeitadas ao talhado recorte eleitoral do abono requestado. Fica apenas por cumprir (o tempo promete) a criminação regressiva daqueles que, por manifesta idiotice, resolvam excluir a clemente e eficiente fórmula da essencialização ofertada pelo paternalismo ideológico circulante.

Imagem retirada DAQUI

segunda-feira, julho 27, 2015

UM ACENO DE GRATIDÃO E AMIZADE

 

À Natália Rodrigues

imagesEla, a minha amiga, não é perfeita. Como se sabe, apesar da exacerbada altivez humana, nenhum de nós habita a ordem etérea dos deuses. Não obstante esta certeza, reconhecer a imperfeição é uma rara e incerta qualidade que advém de um trabalhoso e insistente exercitar. Talvez (mesmo) de um duro empreendimento onde a sensibilidade, a inteligência e a capacidade de sageza criam um singular saber de ouvir a sua/nossa imanente e humana história. Assim, Ela bem cuidou das suas defetividades – e como foi obrigada a cuidar delas… – e destas (e através delas) – não obstante a espessura e opacidade própria de uma qualquer historicidade – alcançar uma invulgar e assertiva, embora dadivosa, densidade humana. E como os lugares não são somente materialidade, eles, esses lugares, aclaram-se e embelezam-se com as suas gentes. E Ela sabe-o muito bem e desse saber maturado se fez incomumente sábia. Destarte – e em síntese – apenas me resta reconhecer (e agradecer), aqui e agora, o quanto foi aprazível estar, naquele seu lugar, com Ela.

quinta-feira, julho 09, 2015

A OUTORGA À PARASITAGEM NA DESTINAÇÃO DO HUMANO

 

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Inicio por uma desalinhada observação de denúncia ao atual e contextualizado descomedimento da lasciva e intensa luz mediática que, para além de se apresentar pateticamente iníqua e afincadamente insistente, se vem focando (e cumprindo) – o que me parece manifesto – nesse (e através desse) feudal ofício de embaçar, ou mesmo de encegueirar, o nosso modo de olhar o fenómeno político, esforçando-se por não nos deixar enxergar o que de essencial há para atentar.

Invito-vos – permitam-me a ousadia de vos moer a consciência – a exercitar a viva recusa à ofertada transparência da obviedade, apre(e)ndendo o valor da distância feita medida talhada para o alcance da necessária condição de ver (e ouvir) o que importa ver (e ouvir). A lisura da informação não está (ou estará) no que salta de imediato à vista (eis o seu obscuro propósito) mas (provavelmente) na poderosa dialética crítica, fundada e respaldada na sua própria e instituinte (assídua, exigente e dificilmente conciliável) briga sistémica.

A todos, votos de um trabalho útil e proficiente neste aventado mas incontornável  desarme colocado ao desafio do ato de compreensão…

 

Imagem retirada DAQUI

sábado, julho 04, 2015

Varoufakis: "O que estão a fazer com a Grécia tem um nome — terrorismo”

 

NOTA - O ponto de partida deste desabafo tem origem nesta notícia 

946484Eu, sinceramente, não tenho grandes dúvidas. O capital, hoje na sua expressão financeira e globalizada, arreganha os seus ulcerados, sanhosos e ignominiosos dentes ao povo maioritário e, como tal, ao fazê-lo, desnuda a sua odiosidade de classe à democracia como valor político atendível. Um discurso manhoso e unguento, historicamente reiterado que se vai espelhando ciclicamente ao longo dos tempos, e que procura (apenas e tão-só) estrumar o medo e abrasar a incerteza em seu particular proveito. Independentemente de (ou dos) resultados mais imediatos, reconheça-se que o atual governo grego acareia, com ousadia e tenacidade, essa mefítica viscosidade destilada do tumulto demoníaco, hoje bem vivo, da natureza do sistema capitalista. Por mim, estou convictamente ao lado da coragem do dizer basta e, isto posto, engajar-me no rumo histórico – incerto que seja – das possibilidades do NÃO.